Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promoverá a 54ª Campanha da fraternidade, iniciada em 1964. Na arquidiocese a campanha é lançada no último dia do “Vinde e Vede”. A campanha da fraternidade de 2017, tem como tema “Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida,” e como lema Cultivar e guardar a criação.” O objetivo geral da CF-2017 é: “Cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do evangelho”.
Porque discutir o assunto dos biomas brasileiros na Campanha da Fraternidade? Porque a Igreja para ser fiel a Jesus e ela mesma, deve interessar-se por tudo o que diz respeito à defesa e promoção da vida, dom de Deus. Escreveu o Papa Paulo VI: “A evangelização não seria completa se não tomasse em consideração a interpelação recíproca que se fazem constantemente o evangelho e a vida concreta, pessoal e social dos homens”(Evangelii Nutiandi, 29).
Na mesma linha afirmou Papa Francisco: “a missão do anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo tem destinação universal. Seu mandato de caridade alcança todas as dimensões da existência, todas as pessoas, todos os ambientes e todos os povos. Nada do que é humano pode ser estranho à evangelização” (Evangelii Gaudium, 181). Os biomas são espaços de vida que geram a vida. A qualidade da vida humana depende, e muito, dos biomas. A destruição dos biomas é a destruição da vida! Os especialistas definem assim um bioma: “Conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e que podem ser identificados a nível regional, com condições de geologia, clima e fauna semelhantes”. Entretanto, entre os seres vivos, os mais importantes são os seres humanos. As populações tradicionais e originárias: Indígenas, camponeses e ribeirinhos, constituem, por tanto, a maior riqueza dos biomas brasileiros. Esses biomas foram assim classificados pelos estudiosos do assunto: Floresta Amazônica o Cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga, o pampa e o Pantanal. Na verdade, a campanha é um desdobramento da carta encíclica: LAUDATO SI’, do Papa Francisco, o qual nos convoca para um grande mutirão para salvar e limpar o planeta, nossa casa comum, que está se transformando num grande “Lixão”. O Papa Francisco fala do cultivo de uma espiritualidade ecológica que consiste no amor e respeito à natureza, no cuidado com a sustentabilidade e buscar mudança de hábitos nocivos ao meio ambiente. Somos guardiões e jardineiros da criação de Deus. Para tanto, precisamos da conversão ecológica, adotando um estilo de vida simples e sóbria (viver com o pouco), sem consumismo, sem desperdício de alimentos e sem a ganância capitalista que agrava a miséria das populações tradicionais e dos mais pobres. Os exercícios quaresmais da oração, do jejum e da esmola, ajudarão na nossa santificação e preparação para a santa Páscoa. A quaresma nos lembra da necessidade da conversão permanente, porque somos imperfeitos. Precisamos intensificar a busca de Deus. Só o encontro pessoal com Deus, expressão suprema de bondade e amor, pode saciar a sede do coração humano. Assim, devemos aprender a descobrir o Deus do amor como o fim verdadeiro da existência humana, abandonando-nos livremente em suas mãos.
Em fim, a Campanha da fraternidade é uma atividade evangelizadora global e ampla, desenvolvida no tempo da quaresma, para ajudar os cristãos e às pessoas de boa vontade a se tornarem mais humanas, solidárias e fraternas com seus semelhantes. Esta é a verdadeira penitência que Deus quer e espera de nós.
Pe Deusdedit M.de Almeida é Pároco da Paróquia Coração Imaculado de Maria(Cuiabá) e Vigário Geral da Arquidiocese de Cuiabá -MT